Dia Mundial do Ceratocone: coçar os olhos pode acelerar doença que leva à cegueira

 

Doença silenciosa pode evoluir rapidamente se não for diagnosticada e tratada a tempo


O Dia Mundial do Ceratocone, celebrado em 10 de novembro, destaca a importância do diagnóstico precoce e dos cuidados para evitar complicações graves dessa doença ocular que afina e deforma a córnea, comprometendo a visão e podendo levar à cegueira.


No Brasil, o ceratocone é uma das principais causas de transplante de córnea e está entre as doenças que mais impactam a saúde visual da população. Entre 2015 e 2025, o número de brasileiros em estágio crítico da doença cresceu 276%, muito acima do crescimento populacional de 7,6%, que passou de 202,8 milhões para 218,3 milhões no período.


A oftalmologista Regina Chalita, especialista em córnea do CBV – Hospital de Olhos, explica que o ceratocone geralmente surge no final da adolescência e progride até os 35 anos, quando costuma se estabilizar. “Em casos mais graves, especialmente em crianças com alergias oculares, a doença pode aparecer ainda na infância”, alerta.


A doença provoca deformação na córnea, que passa de redonda para formato cônico, causando visão distorcida, sensibilidade à luz e dificuldade para enxergar à noite. A progressão costuma ser silenciosa, e um dos primeiros sinais é a alteração frequente no grau dos óculos, especialmente o aumento do astigmatismo.


Regina Chalita ressalta que o hábito de coçar os olhos é um dos principais agravantes da doença. “Esfregar os olhos com frequência pode acelerar o ceratocone, especialmente em pessoas geneticamente predispostas”, explica a especialista.


O diagnóstico é feito por exames que avaliam a curvatura e a espessura da córnea, como topografia e tomografia. Identificar a doença cedo é essencial para evitar sua progressão e complicações.


O tratamento depende do estágio da doença. No início, óculos e lentes de contato especiais costumam ser suficientes. Em casos mais avançados, procedimentos como crosslinking, que fortalece a córnea, e implante de anéis intracorneanos são indicados. Quando a visão está muito comprometida, o transplante de córnea é necessário.


“Temos hoje tratamentos modernos e eficazes, mas o diagnóstico precoce é a chave para preservar a visão e evitar procedimentos invasivos”, conclui Regina Chalita.

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