Álcool em excesso pode antecipar AVC hemorrágico em mais de 10 anos, aponta estudo de Harvard

 

Pesquisa divulgada na revista Neurology mostra que três doses diárias de álcool aumentam a gravidade das hemorragias cerebrais e fazem o AVC ocorrer até uma década antes. Neurocirurgião alerta para os riscos mesmo em consumo considerado moderado

Um estudo publicado na revista Neurology, realizado por pesquisadores do Massachusetts General Hospital, ligado à Universidade Harvard, aponta que o consumo de três ou mais doses de álcool por dia aumenta o risco de hemorragia cerebral e antecipa o evento em mais de 10 anos.

A hemorragia intracerebral é um dos tipos mais graves de AVC. Em muitos casos, aparece de forma súbita e pode ser fatal em poucos minutos. Os dados chamaram atenção de especialistas em todo o mundo.

O neurocirurgião Victor Hugo Espíndola explica que o álcool fragiliza o cérebro de várias formas e cria um cenário favorável ao sangramento. “O consumo de três ou mais doses de álcool por dia está associado a sangramentos cerebrais maiores, mais profundos e em pessoas significativamente mais jovens”, afirma o médico.

Segundo ele, o álcool aumenta a pressão arterial, danifica pequenos vasos cerebrais e reduz as plaquetas, dificultando a coagulação. “Essa combinação é explosiva. Vasos enfraquecidos e sangue mais fino resultam em maior chance de ruptura e hemorragia”, explica.

A pesquisa também mostra que duas doses de álcool por dia, quantia considerada moderada, já elevam o risco e antecipam a idade da primeira hemorragia. “Ou seja, não é preciso chegar ao alcoolismo para sofrer consequências sérias no cérebro”, alerta Espíndola.

O especialista afirma que reduzir o consumo traz benefícios reais e mensuráveis. “Limitar a ingestão a no máximo três doses por semana já traz melhorias expressivas para a saúde cerebral e cardiovascular”, diz.

Ele reforça que não existe dose segura de álcool quando o assunto é proteção cerebral, especialmente em pessoas com hipertensão, diabetes, colesterol alto ou histórico familiar de AVC.

“Vejo diariamente, como neurocirurgião vascular, o impacto devastador das hemorragias cerebrais. Muitas poderiam ser evitadas com pequenas mudanças de hábito”, destaca.

O especialista afirma que o novo estudo deve servir como alerta. “O cérebro é um órgão nobre e sensível. Em uma sociedade que naturaliza o álcool, estudos como esse ajudam cada pessoa a repensar sua relação com a bebida antes que seja tarde demais.”

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