Automação, IA e estratégias digitais ganham papel central no crescimento das franquias para o próximo ano
O setor de franquias se aproxima de 2026 diante de uma virada estrutural. Se por anos o crescimento esteve atrelado principalmente à abertura de pontos físicos em shoppings e ruas comerciais, agora o motor da expansão passa pela estratégia digital. Com consumidores cada vez mais conectados e exigentes, o marketing digital deixou de ser acessório para se tornar o centro das decisões de investimento e planejamento das redes.
Segundo levantamento da Associação Brasileira de Franchising (ABF), o setor cresceu 14,3% em faturamento em 2024 e manteve ritmo positivo em 2025, impulsionado por segmentos como saúde, bem-estar, alimentação e educação. Para 2026, especialistas projetam um cenário em que a digitalização do relacionamento com o cliente será decisiva para garantir competitividade e fidelização.
“A forma como as franquias vão se comunicar em 2026 não pode ser a mesma de 2024. O consumidor já espera personalização, atendimento em tempo real e jornadas híbridas que unem o digital e o presencial. Quem não investir agora em dados, automação e inteligência artificial corre o risco de perder espaço”, afirma Luís Parrela, CEO da Dbout Mídia, agência especializada em marketing digital para clínicas odontológicas que atende mais de 200 empresas em todo o país.
Casos práticos já indicam o impacto dessa transformação. A “Júlia”, assistente virtual desenvolvida pela Dbout, tornou-se tão eficiente no atendimento que um paciente chegou a enviar flores em agradecimento, sem perceber que falava com uma inteligência artificial. O episódio ilustra como a tecnologia, quando aplicada de forma humanizada, pode fortalecer vínculos de confiança, um ativo fundamental para redes de serviços de saúde e estética.
A tendência é global. Um estudo da consultoria Statista estima que o mercado mundial de marketing digital movimente mais de US$ 900 bilhões em 2026, com crescimento anual médio acima de 13%. No Brasil, dados da Goakira mostram que 100% dos franqueadores ouvidos planejam expandir suas redes neste ano, e grande parte reconhece a necessidade de aprimorar sua presença digital para captar franqueados e clientes.
Parrela avalia que o próximo ciclo será marcado por um filtro natural: “Franquias que estruturarem bem suas estratégias digitais, com clareza de métricas como custo de aquisição e taxa de conversão, terão um crescimento sustentável. As que ficarem presas a modelos analógicos vão encontrar dificuldades para competir em um mercado cada vez mais orientado por dados.”
O que as franquias devem priorizar em 2026
Automação e IA integradas: usar inteligência artificial não apenas para atendimento, mas também para análise de comportamento e otimização de campanhas.
Personalização em escala: adaptar comunicações e ofertas de acordo com o perfil e a jornada de cada cliente.
Marketing local e regionalizado: explorar campanhas segmentadas por geografia, valorizando a identidade de cada unidade.
Métricas claras e acionáveis: acompanhar indicadores como custo de aquisição de cliente (CAC) e lifetime value (LTV) para guiar investimentos.
Conteúdo rápido e visual: apostar em vídeos curtos, reels e formatos que capturem a atenção em poucos segundos.
Para além da prospecção de consumidores finais, o marketing digital também ganha peso na atração de novos franqueados, uma vez que as primeiras interações acontecem quase sempre no ambiente online. Nesse contexto, anúncios segmentados, conteúdos personalizados e jornadas automatizadas tornam-se ferramentas para acelerar negociações e reduzir custos operacionais.
Com a economia ainda sujeita a incertezas, a aposta é que 2026 consolide um novo padrão no franchising brasileiro: redes menores, mais flexíveis e profundamente digitais, capazes de crescer sem depender exclusivamente do tijolo e cimento. E para muitas marcas, o sucesso desse movimento será definido já nas reuniões de planejamento que estão acontecendo agora.