Esquema utilizava empresas de fachada para burlar regras da saúde suplementar; investigações apontam prejuízo de R$ 287 milhões em todo o país
Na manhã da última terça-feira (2), a Polícia Civil deflagrou        uma operação para desarticular um esquema de fraudes envolvendo        planos de saúde empresariais. Ao todo, estão sendo cumpridos 25        mandados de busca e apreensão no Rio Grande do Sul e em outros        quatro estados brasileiros. O grupo investigado é suspeito de ter        causado um prejuízo de R$ 287 milhões a uma operadora de saúde,        sendo R$ 1,5 milhão apenas no RS.
      A operação é resultado de uma notícia-crime apresentada por uma        operadora gaúcha, após uma minuciosa investigação interna que        identificou o esquema e os envolvidos. A prática criminosa,        conhecida como "fraude do falso coletivo", consiste no uso de        empresas de fachada para contratar planos de saúde empresariais —        que são mais baratos — e revendê- los como se fossem planos        individuais ou familiares.
      Como funcionava o esquema
      Para viabilizar a fraude, o grupo falsificava documentos,        simulando vínculos empregatícios entre os beneficiários e as        empresas contratantes, além de indicar falsamente que essas        pessoas residiam na área de atuação da operadora. Na realidade, os        beneficiários não tinham qualquer vínculo com as empresas e        estavam espalhados por diversas regiões do país.
      Segundo as investigações, muitos beneficiários também se        beneficiavam da fraude, contratando planos mais baratos do que os        oferecidos legalmente no mercado. A quadrilha lucrava com a        diferença entre os valores pagos à operadora e os valores cobrados        dos usuários.
      Operadora atuou para romper os contratos fraudulentos
      O trabalho de detecção realizado pela operadora foi essencial        para interromper os contratos irregulares. A empresa também reuniu        provas que permitiram a formulação da denúncia formal e agora        colaboram com as autoridades policiais.
      O advogado Fábio Cardoso Machado, sócio do escritório Andrade        Maia Advogados, que atuou diretamente na investigação e combate à        fraude, destaca a importância de ações estruturadas no setor. "Há        métodos comprovadamente eficazes para a detecção e o tratamento        desse tipo de ilícito, e é fundamental que as operadoras se        estruturem para investigar e denunciar as quadrilhas", afirma        Machado.
      Ele ressalta que uma atuação eficiente não apenas possibilita a        rescisão legítima dos contratos fraudulentos, mas também permite a        recuperação de prejuízos e a proteção da reputação da operadora.        "Para que isso ocorra, é essencial que haja uma produção de provas        robustas, legitimando as medidas adotadas e viabilizando ações        como a apresentação de notícia-crime e a notificação ao COAF",        explica o advogado.
      Beneficiários de boa-fé também são impactados
      Um dos desafios enfrentados pelas operadoras é lidar com os        beneficiários que, muitas vezes, são também vítimas do esquema.        Como os dados fornecidos são falsificados, a empresa não consegue        entrar em contato para informar sobre a rescisão do contrato, o        que leva muitos usuários a registrar reclamações na ANS ou entrar        com ações judiciais. "Isso nem sequer é possível nesses casos,        pois os contratos são fraudulentos e as operadoras têm o dever de        rescindi-los, para resguardo e proteção dos próprios beneficiários        de boa-fé", esclarece Machado.
    


