Transformação silenciosa vem redefinindo papel dos gestores e priorizando relações mais saudáveis nas equipes
Coordenadora de Auditoria, Riscos e Compliance do Grupo Marista, Bruna de Oliveira, estruturou uma equipe onde cada pessoa tem autonomia real para propor e tomar decisõesCréditos: Divulgação Grupo Marista
No mundo corporativo, um movimento silencioso e profundo está redesenhando os critérios de gestão. A figura do chefe impositivo, centralizador e distante está sendo substituída por líderes mais humanos, diversos e acessíveis. Em vez de valorizar apenas resultados numéricos, muitas empresas têm priorizado a escuta ativa, a empatia, a inteligência emocional e o alinhamento com princípios éticos e sociais.
Essa mudança de paradigma tem se refletido diretamente nos processos de promoção e desenvolvimento de lideranças. Em grandes instituições, já é possível observar os resultados: equipes mais plurais, clima organizacional mais saudável e decisões mais colaborativas. “Acreditamos em um modelo de gestão que inspira pelo exemplo, que sabe ouvir e atua com integridade. Por isso, nossos programas de desenvolvimento buscam fortalecer competências como escuta genuína, gestão emocional e construção coletiva. Queremos que nossos líderes estejam preparados não apenas para entregar resultados, mas também para acolher suas equipes e contribuir para ambientes mais justos e saudáveis”, afirma Lúcia Coelho, Gerente de Desenvolvimento do Grupo Marista.
Essa abordagem é respaldada por dados. Um estudo da consultoria Catalyst revelou que 76% dos funcionários com líderes empáticos se sentem mais engajados, e 61% deles estão mais propensos a inovar. Já segundo a Gallup, empresas com uma gestão humanizada registram taxas de engajamento até 23% superiores. Ou seja: liderar com empatia não é só uma boa prática — é uma estratégia eficaz para gerar impacto real no desempenho e na cultura organizacional.
Novos critérios, novos caminhos
No Grupo Marista, a transformação cultural tem se refletido em trajetórias como a de Bruna de Oliveira, 35 anos, coordenadora de Auditoria, Riscos e Compliance. Desde 2008, ela vem construindo sua carreira pautada pela escuta, pela consistência e pelo desejo genuíno de contribuir para o crescimento coletivo. O ponto de virada ocorreu em 2019, quando assumiu o desafio de estruturar uma nova área — experiência que consolidou seu estilo de gestão mais colaborativo e descentralizado.
Para Bruna, a autonomia da equipe é uma ferramenta poderosa de desenvolvimento. “Cada pessoa da equipe é dona da sua cadeira e tem liberdade para propor, agir e tomar decisões. A autonomia, para mim, fortalece a confiança e o senso de pertencimento”, afirma. Além das entregas técnicas, ela também se destaca pela participação em iniciativas voltadas à escuta qualificada, como a coordenação dos canais de escuta da instituição. Em 2025, sua equipe elaborou um relatório que cruzou dados quantitativos e qualitativos dos relatos recebidos, possibilitando uma leitura mais estratégica e sensível da realidade institucional.
Liderar com propósito
Histórias como a de Bruna refletem o novo olhar sobre a função dos gestores. Em vez de apenas delegar e controlar, o que se espera atualmente no mercado de trabalho são líderes que favoreçam um ambiente de segurança psicológica, incentivem o protagonismo e conduzam com ética e coerência. O investimento em programas de formação, mentorias e desenvolvimento emocional tem sido essencial nesse processo.
Marlon Cesar Olinger de Souza, 45 anos, coordenador de TI, é outro exemplo dessa mudança em curso. Ao assumir a missão de estruturar uma área responsável pelas atividades financeiras e orçamentárias da Diretoria de Tecnologia, ele enfrentou o desafio de liderar um time pela primeira vez no Grupo Marista. “Foi um processo desafiador, que exigiu atualização constante e muita escuta. Já fazia algum tempo que não ocupava um cargo de liderança, e com gerações diferentes e multidiversidade de pensamentos, culturas e valores, certamente seria um desafio e tanto. Eu precisava me reciclar em novos métodos de gestão de pessoas, e os programas de capacitação foram fundamentais nesse caminho”, conta. Para Marlon, os valores inegociáveis da liderança incluem respeito ao ser humano, ética e amor ao trabalho, pilares que sustentam um ambiente mais saudável e produtivo. “Ter uma gestão humanizada, profética e servidora é o que faz sentido para mim. O papel do gestor é apoiar, encorajar e servir sua equipe para que cresçam técnica e emocionalmente”, define.
“As lideranças precisam estar preparadas para lidar com a complexidade das relações humanas. Isso exige autoconhecimento, empatia e disposição para o diálogo. Ou seja, a gestão do futuro — e também do presente — está sendo moldada por valores que colocam o ser humano no centro. Mais do que uma tendência, trata-se de um compromisso com espaços profissionais mais saudáveis, diversos e alinhados com o mundo que queremos construir”, reforça Lúcia Coelho, do Grupo Marista.