Crescimento do turismo de eventos, perfil jovem da população e demanda por moradia temporária impulsionam investimentos em imóveis para short e flex stay na capital paranaense
Com recordes de ocupação na rede hoteleira e crescente oferta de imóveis em plataformas digitais, Curitiba tem se consolidado como um dos principais polos de investimentos em locações flexíveis no Brasil. A capital paranaense soma cerca de 145 meios de hospedagem convencionais, totalizando pouco mais de 16,7 mil leitos disponíveis, segundo a Federação das Empresas de Hospedagem, Gastronomia, Entretenimento e Similares do Paraná (Feturismo). Já em plataformas como Airbnb e Booking, há mais de 800 opções de hospedagem residenciais em cada uma, refletindo a força desse novo modelo de moradia e hospedagem.
O crescimento do turismo de eventos tem sido um dos motores desse cenário. A programação de Natal de 2024 atraiu 2,3 milhões de espectadores, enquanto o Festival de Curitiba, maior evento de artes cênicas do país, recebeu 200 mil pessoas na edição deste ano. Esse fluxo impacta diretamente a ocupação de hotéis e o interesse por imóveis de curto e médio prazo.
Para o especialista em setor imobiliário Daniel Claudino, o diferencial de Curitiba não está apenas em sua vocação turística, mas no perfil de seus moradores e visitantes. “Curitiba é uma cidade extremamente convidativa, graças à sua qualidade de vida, especialmente para públicos identificados com a geração Z e outras gerações mais jovens. Esses jovens buscam modelos de vida e consumo marcados pela flexibilidade”, afirma.
Segundo Claudino, esse público prefere moradias que funcionem como uma extensão do conceito de hospedagem, imóveis mobiliados, sem burocracia, com contratos curtos e prontos para morar. “As construtoras perceberam esse movimento e passaram a desenvolver empreendimentos pensados especificamente para esse público, com plantas menores e formatos compatíveis com essa lógica de moradia transitória”, destaca.
A tendência é confirmada por Helisson Pelegrini, também especialista no mercado imobiliário. “Curitiba vive um momento de forte aquecimento no setor de locações. A demanda por aluguéis tem crescido significativamente, especialmente por imóveis de menor porte. Esse movimento já pressiona a oferta e impulsiona novos projetos”, afirma.
Helisson Pelegrini observa ainda que o interesse por imóveis que atendam às novas demandas de moradia tem incentivado a modernização das incorporadoras. De acordo com ele, as empresas do setor passaram a investir mais em tecnologia, design funcional e localização estratégica, apostando em empreendimentos que atendam tanto ao público temporário quanto àqueles que buscam flexibilidade sem abrir mão do conforto.
Com o avanço do modelo de locações flexíveis, que contempla tanto o short stay (estadias curtas) quanto o flex stay (estadias médias), Curitiba atrai cada vez mais investidores atentos às transformações no comportamento de consumo e mobilidade urbana. A expectativa é que o setor siga em expansão, consolidando ainda mais a cidade como referência em moradia flexível no país.