Especialista alerta para os riscos de ignorar o sintoma
Escovar os dentes e perceber a gengiva sangrando pode parecer algo banal, mas esse sinal não deve ser tratado com descaso. O sangramento gengival, mesmo que leve ou esporádico, pode ser um indicativo de que algo não vai bem com a saúde bucal.
Segundo a dentista Ianara Pinho, o sangramento é, na maioria das vezes, consequência de uma inflamação causada pelo acúmulo de placa bacteriana na margem da gengiva. “É um erro achar que isso é normal. A gengiva saudável não sangra, mesmo com escovação ou uso de fio dental”, alerta. Ela explica que esse é geralmente o primeiro sinal da gengivite, um processo inflamatório que pode evoluir, se não for tratado.
A gengivite, quando não controlada, pode avançar para um quadro de periodontite — uma infecção mais profunda que compromete os tecidos de sustentação dos dentes. “A periodontite pode provocar retração gengival, deixar os dentes moles e até levar à perda dentária”, afirma a especialista. Segundo Ianara, o tratamento precoce é essencial para evitar complicações que, em casos mais graves, são irreversíveis.
Além da má higiene bucal, fatores como alterações hormonais (comuns na gravidez, adolescência ou menopausa), diabetes, tabagismo, deficiências nutricionais e uso de certos medicamentos também podem contribuir para o sangramento gengival. “Até o estresse influencia, porque ele compromete o sistema imunológico, o que facilita o avanço de inflamações”, comenta.
A especialista também alerta para práticas erradas no dia a dia, como escovar os dentes com muita força ou usar escovas de cerdas duras. “Esses hábitos podem machucar a gengiva e agravar o problema. O ideal é usar escovas macias e fazer movimentos suaves, sempre respeitando os limites da boca.”
A recomendação da dentista é clara: escovação correta ao menos três vezes ao dia, uso diário do fio dental e visitas periódicas ao consultório odontológico. “O acompanhamento profissional é indispensável. Muitos problemas são silenciosos no começo, mas podem ser identificados logo nas primeiras consultas”, diz Ianara.
Ela também destaca os riscos da automedicação ou do uso de receitas caseiras sem orientação. “Tem gente que tenta resolver o problema com bochechos ou produtos vendidos em farmácia, sem saber se são indicados para o seu caso. Isso pode esconder os sintomas e adiar o diagnóstico correto”, explica.
Por fim, Ianara reforça que o cuidado com a saúde bucal deve ser prioridade e vai muito além da estética. “A boca é a porta de entrada do corpo. Quando ignoramos os sinais, corremos o risco de comprometer outras partes do organismo. Cuidar da gengiva é cuidar da saúde como um todo.”